A partir do reconhecimento de fatores de risco e proteção comuns para a prevenção do uso, uso problemático e dos desfechos negativos relacionados com o uso de álcool e outras drogas e a prevenção da violência e crimes, o foco das ações preventivas é na promoção do desenvolvimento seguro das crianças e adolescentes. Os esforços são destinados ao desenvolvimento de habilidades de vida, fortalecimento de redes territoriais de proteção e prevenção e dos vínculos (escolares, familiares e comunitários), como também na promoção de experiências de pertencimento de todas as crianças e adolescentes, principalmente as que vivem em contextos de alta vulnerabilidade. São priorizadas ações que considerem o território como protagonista e que sejam baseadas em evidências e incluam pesquisa e coleta de dados como fundamentais para uma prevenção eficaz.  

Os sistemas de justiça desempenham um papel crucial na prevenção e resposta à violência contra crianças, mas frequentemente carecem dos recursos e conhecimentos necessários para adaptar leis, procedimentos, instituições e serviços às necessidades específicas das crianças. Isso pode resultar na maior exposição das crianças, seja como vítimas, testemunhas ou supostos infratores. As ações nesta área visam oferecer suporte técnico especializado para o desenvolvimento de sistemas de justiça justos, sensíveis às crianças e jovens e sensíveis ao gênero, fundamentados em direito internacional e evidências científicas. As ações nessa área são concentradas em preencher lacunas entre segurança e proteção infantil, defendendo os direitos da criança com uma base efetiva de paz e segurança a longo prazo, por meio do apoio a respostas que conduzam à recuperação, à reabilitação e à reintegração dessas crianças.   

O aprimoramento das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) trouxe inúmeros benefícios para as sociedades, derrubando fronteiras, conectando pessoas e acelerando a produção e difusão do conhecimento. Porém essas tecnologias também trouxeram à tona problemas que têm gerado cada vez mais preocupação das famílias. Além dos riscos de exposição a abusos, violências e bullying, especialistas e formuladores de políticas públicas têm alertado para atrasos no processo de desenvolvimento e de ensino e aprendizagem, que poderiam ser causados por usos de dispositivos digitais em contextos ou intensidades inadequadas. Para garantir a proteção de crianças e adolescentes em suas experiências online, as políticas públicas devem ser pautadas pela cidadania digital infantojuvenil, que não vê tais sujeitos exclusivamente como consumidores e produtores de conteúdo online, mas a partir de suas identidades cidadãs que precisam ser respeitadas nesse espaço em constante mudança.

As Jornadas Vulneráveis, compreendidas como as consequências do tráfico de pessoas e contrabando de migrantes, possuem ligação intrínseca com fenômenos como pobreza extrema, desigualdade socioeconômica e baixos níveis de educação e pobreza. O Brasil é reconhecido como um país de origem, trânsito e destino de vítimas de tráfico de pessoas, um fenômeno complexo que permeia estruturas sociais e geográficas. Nacionalmente, o tráfico de pessoas se manifesta predominantemente na forma de exploração do trabalho em condições análogas à de escravo e exploração sexual de mulheres e crianças. O Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas (Dados 2021-2023) (MJSP; UNODC, 2024) aponta a vulnerabilidade socioeconômica como a principal causa do tráfico, associando-o a condições de pobreza e desemprego. Entretanto, o fenômeno prevê ainda outras finalidades de exploração.