PIPA – Territórios Preventivos

Crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis às consequências negativas do uso de drogas e substâncias psicoativas – tanto para a saúde quanto para os seus contextos sociais. Investir na prevenção baseada em evidências significa abordar essas vulnerabilidades e alterar positivamente o caminho de desenvolvimento das crianças, proporcionando-as a oportunidade de se tornarem adultos saudáveis

Neste contexto, o Brasil, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (SENAD/MJSP), aderiu ao CH.AM.P.S.(Children Amplified Prevention Services) – iniciativa global do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) que visa apoiar a construção e o fortalecimento de sistemas territoriais de prevenção ampliada ao uso de drogas por meio de promoção do desenvolvimento seguro e saudável de crianças e adolescentes.

Adaptada para o Brasil, esta iniciativa, denominada PIPA Territórios Preventivos, concentra uma série de ações e estratégias para avançar estruturas de prevenção ampliada com foco em crianças e adolescentes, levando em consideração especificidades regionais, e construídas com base em intensa participação social.

Objetivos e Abordagem

O principal objetivo do PIPA – Territórios Preventivos é prevenir o uso de substâncias psicoativas por meio do fortalecimento de fatores de proteção e redução de fatores de risco que afetam crianças e adolescentes em todas as etapas do ciclo de desenvolvimento, em diferentes contextos e graus de exposição ao risco. 

Para isso, o programa adota uma abordagem multissetorial, com ações baseadas na ciência da prevenção e no fortalecimento das capacidades institucionais. Por meio de mapeamento, diagnóstico, qualificação, capacitação e aplicação de ferramentas alinhadas com Diretrizes Internacionais sobre a Prevenção do Uso de Drogas do UNODC e da OMS, a iniciativa busca o aprimoramento dos serviços existentes e preenchimento de lacunas na prevenção, promovendo a integração entre as políticas públicas de saúde, educação e assistência social, e com organizações do sociedade civil atuantes nos territórios.

O modelo é dividido em fases que permitem uma implementação gradual e adaptada às especificidades dos territórios onde será aplicado, garantindo que o impacto seja mensurável e sustentável. Um dos aspectos-chave do PIPA é a parceria com instituições acadêmicas nacionais para gerar novas evidências científicas. 

Essa produção de conhecimento será essencial não só para medir o sucesso do programa no nível local, mas também para informar políticas públicas de prevenção e fortalecer os sistemas de proteção infantil e juvenil em outros territórios. Além disso, no campo internacional, produz evidências que podem apoiar países com contextos similares ao do Brasil nos avanços da ciência de prevenção considerando sempre necessidades culturais e sociodemográficas específicas.

Panorama global da implementação da iniciativa CH.AM.P.S.:

  • O UNODC está identificando os Estados Membros com forte vontade de investir em prevenção e colaborar com o UNODC na implementação local da Iniciativa.
  • Nesta primeira onda, a iniciativa será implementada ao longo de 5 anos em 10 países pioneiros, distribuídos em diferentes regiões geográficas, com meta de impactar positivamente as trajetórias de vida de 10 milhões de crianças e adolescentes.
  • O Brasil foi o primeiro país que manifestou o seu interesse em se juntar a 10 países pioneiros da primeira onda da implementação do CHAMPS durante a CND (Comission on Narcotic Drugs) em março de 2024.

O CHAMPS propõe fortalecer os sistemas de prevenção em cada país pioneiro, contemplando uma combinação única de políticas direcionadas a:

  • Cada etapa de desenvolvimento, desde o cuidado pré-natal até o fim da adolescência;
  • Crianças e adolescentes com diferentes níveis de resiliência, apoiando também grupos particularmente em risco, incluindo aqueles que vivem em contextos de desigualdade social, conflito/pós-conflito e em contextos migratórios, bem como crianças e adolescentes previamente expostas ao trabalho infantil em todas as suas formas;
  • Diversos contextos de atuação (como família, escolas, comunidade, serviços  sociais, culturais, relacionados ao esporte entre outros).

Panorama da implementação de PIPA – Territórios Preventivos no Brasil:

  • [Fase Preparatória] No início de 2025, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da sua Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, está formalizando a parceria com o UNODC, definindo 5 territórios, um em cada região do Brasil, para realização de pilotos e articulando as parcerias nacionais. Esta fase inclui a mobilização local de diversos atores que atuam na prevenção do uso de drogas com foco nas crianças e adolescentes, e formação de Comitês Territoriais.
  • [Mapeamento e Diagnóstico]: Ainda em 2025 será iniciado um mapeamento e diagnóstico aprofundado dos territórios selecionados para identificação e avaliação dos serviços e intervenções preventivas ofertadas em todas as etapas do desenvolvimento das crianças e adolescentes, considerando diversos contextos de implementação (escolas, rede de saúde e assistência social e outros) e as diferentes exposições aos riscos. Para isso, será utilizada a metodologia REPS (Review of Prevention Systems), do UNODC, adaptada ao contexto do Brasil. Os serviços e intervenções serão analisadas com base nas evidências internacionais (sistematizadas nas Diretrizes Internacionais sobre Prevenção do Uso de Drogas do UNODC e OMS) para identificar boas práticas a serem replicadas e as lacunas e necessidades de aprimoramento das ofertas. Os formuladores e gestores de políticas serão sensibilizados e pautados a partir das diretrizes internacionais. 
  • [Fortalecimento dos sistemas-modelo territoriais] Com base nas necessidades mapeadas, os sistemas de prevenção modelo serão implementados nos territórios selecionados. Em parceria com o UNODC, prevê-se ações de qualificação para o aprimoramento dos serviços e a indução de novas práticas preventivas com base em evidências. Os sistemas territoriais serão monitorados e avaliados em parceria com instituições de pesquisa brasileiras.