Implicações de desigualdades de oportunidades nas primeiras etapas da Educação Básica no Brasil podem ser verificadas pela desagregação de seus índices de desenvolvimento. Tipo de rede, região do país, circunstâncias socioeconômicas e nível de escolaridade das famílias destacam-se como fatores associados a divergências nos níveis de proficiência de estudantes. Seleção operante de comportamentos concorrentes com a aprendizagem formal em sala de aula soma-se a tais elementos. No presente trabalho, buscou-se explorar conceitos e tecnologias com indicativos de eficácia (potencial ou demonstrada) para promover e manter o engajamento escolar de estudantes, tanto disponíveis na literatura analítico-comportamental como em áreas afins. No Estudo 1 testou-se os efeitos de uma intervenção derivada do Good behavior Game (GBG) e da variação brasileira Programa Elos – Construindo Coletivos sobre os comportamentos engajar-se em atividades escolares, distrair-se, apresentar respostas disruptivas, ajudar e agredir pares. Utilizou-se um delineamento experimental de linha de base múltipla com cinco turmas de quatro escolas municipais dois municípios do Paraná. Verificouse melhoras sistemáticas para as classes de comportamentos engajar-se nas tarefas (Tau-U 0,82), ocorrências de distrações e comportamentos disruptivos (Tau-U -0,92), replicando-se efeitos reportados na literatura da área, em particular com abordagem de avaliação via delineamentos experimentais de sujeito único. Não foram observados efeitos para as classes de agredir pares (Tau-U -0,50) e ajudar pares (Tau-U 0,40). No Estudo 2 buscou-se explorar a aplicabilidade de métodos da Análise de Redes Sociais para identificar variáveis relevantes ao fenômeno de pertencimento escolar. Foram mapeadas as características de redes sociais coexistentes em duas turmas de quinto ano de uma escola municipal de Oslo, Noruega, em situações de brincadeiras, atividades escolares e de suporte entre pares. Redes de interações formadas em situações hipotéticas de compartilhamento de benefícios entre pares também foram investigadas. Subgrupos com relações consistentes ao longo do tempo se mostraram mais relevantes que quantidade de laços e medidas de distância social para favorecer renúncias a benefícios em favor de pares. Os dados foram discutidos à luz da disponibilidade de reforçadores sociais em função da posição dos estudantes em dinâmicas estruturais de redes. Por fim, no Estudo 3, buscou-se aplicar instrumentos conceituais da abordagem culturocomportamental para a projeção de estratégias de sustentabilidade ao GBG e variações, tema ainda pouco explorado na literatura do programa. Propôs-se o design culturo-comportamental de relações condicionais no nível cultural como forma de salientar e promover entrelaçamentos para a continuidade das mudanças. A validade do modelo depende de investigações aplicadas, com adequado controle experimental. Em conjunto, os estudos apresentam dados e salientam variáveis críticas potenciais para o design de estratégias de promoção de equidade na Educação.

Várias

F. Moura Lorenzo

Tese

Português

Brasil

Universidade de Brasília (UnB)