A Comissão de Narcóticos (CND) das Nações Unidas realizou, em Viena, as discussões temáticas de 2025 com o tema central “proteger a saúde”. Na abertura, a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly, alertou que o problema mundial das drogas está se tornando mais sofisticado, imprevisível e prejudicial, exigindo respostas baseadas em ciência, evidências e cooperação internacional. Representantes da OMS e do ECOSOC reforçaram o papel das políticas de saúde pública na resposta global, com foco em equidade, direitos humanos e fortalecimento do acesso a tratamentos.

De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2025, cerca de 64 milhões de pessoas vivem com transtornos por uso de drogas, o que representa um aumento de 13% em dez anos, mas apenas uma em cada 12 recebe tratamento, sendo a lacuna ainda maior entre mulheres. Quase meio milhão de mortes foram registradas em 2021, principalmente por opioides. As discussões reuniram cerca de 500 representantes de governos, agências da ONU, academia e sociedade civil para compartilhar boas práticas e buscar soluções concretas.

O primeiro dia de debates abordou o fortalecimento das respostas de saúde pública, com ênfase na prevenção e na ampliação do acesso a cuidados integrados, incluindo saúde mental e prevenção de overdoses, por meio de iniciativas como o programa Stop Overdose Safely da UNODC e da OMS. O segundo dia foi dedicado à relação entre o uso de drogas e doenças infecciosas, como HIV e hepatite C, além dos riscos das novas substâncias psicoativas, como os nitazenos – opioides sintéticos altamente potentes que vêm se espalhando por diferentes regiões do mundo.

O último dia das discussões destacou a falta de acesso global a medicamentos controlados para fins médicos e científicos, como analgésicos utilizados em cuidados paliativos. Segundo a UNODC, 87% da população mundial ainda não tem acesso adequado a opioides farmacêuticos essenciais para o manejo da dor. Também foram discutidos temas como desenvolvimento alternativo e estratégias para lidar com mortes decorrentes de toxicidade de múltiplas drogas.

As discussões reforçaram o compromisso dos Estados-Membros com a iniciativa Pledge4Action, lançada em 2024, e contribuíram para preparar o terreno rumo à revisão final dos compromissos internacionais de política de drogas, prevista para 2029. O presidente da CND destacou que as conclusões do encontro irão orientar os próximos passos da Comissão. O evento foi seguido por uma consulta regional sobre acesso a substâncias controladas na África, organizada pela UNODC, pela União Africana e pela Bélgica, no âmbito da iniciativa “No Patient Left Behind” (“Nenhum Paciente Deixado para Trás”).

Data de publicação: 02/10/2025